domingo, 4 de setembro de 2011

A Bolsa de Nova Iorque

Existem 4 cidades do mundo em que me sinto em casa. Curitiba, onde nasci e vivi até os 17 anos; o Rio de Janeiro em que moro desde 1976; Paris, pela qual me apaixonei em uma manhã de inverno e Nova Iorque.

Estive pela primeira vez em Nova Iorque em 1969. As torres gêmeas ainda não existiam. Morei por um mês na cidade. Alguém poderia dizer: “Só um mês? Isto não é morar, é visitar.” Insisto que é morar, porque eu estava no Brooklin, na casa de minha tia avó Sarah. Pude experimentar o estilo de vida da cidade àquela época. Pegar o metrô para ir a Manhattan. Deslumbrar-me com porta automática, ar condicionado e outras amenidades que não eram comuns por aqui. Eu assisti a descida do homem na Lua, ao vivo e a cores.

Nem tudo foram flores. Mais de uma vez cheguei na casa de minha tia, frustrado, dizendo: “Quero voltar para casa. Aqui eu não entendo ninguém e ninguém me entende”. Eu tinha 10 anos de idade. Acabei aprendendo a importância de conhecer outros idiomas e culturas.

Voltei diversas vezes à Nova Iorque depois disto. Tornei-me um “habitué” da cidade. Várias vezes: caminhei mais de 80 quadras, corri pelo Central Park, comi Reuben (sanduíche de pastrami) e a verdadeira New York Cheese Cake. Várias vezes também: visitei o Museu de História Natural e o Met, assisti a concertos e a espetáculos de jazz. Estive em alguns lugares, mesmo antes de serem recomendados pelo Pedro Andrade (Manhattan Connection). Conheço Manhattan do Battery Park ao Harlem, mais Queens, o Bronx, Brooklin e Staten Island. Sem mim, Nova Iorque teria apenas 19.999.999 habitantes.

Nova Iorque é familiar até mesmo a quem nunca esteve lá. As centenas de filmes e séries de TV ambientadas na cidade fazem com que todos cheguem à cidade pela primeira vez com uma sensação de “dejà vu”. Vá à Nova Iorque. Duvido que você não goste.

E a Bolsa? Pois é. Taí uma coisa que eu nunca consegui entender. Por que mulher se encanta tanto com uma bolsa. (Ah, você pensou que eu fosse falar da New York Stock Exchange. Até mesmo esta merece uma visita.) Continuando, mesmo as ecologistas mais ferrenhas enxergam um crocodilo ou cobra como uma bolsa do mercado futuro. Dizem que até o Diabo tem preferência por uma marca (este filme também se passa em Nova Iorque).

Caminhar pela 5ª Avenida é uma festa para os olhos de uma mulher. A partir da rua 59 (Central Park) até a rua 48 são dezenas de grifes famosas, incluindo Fendi, Prada, Gucci e Louis Vuitton. As lojas são deslumbrantes e os preços aterrorizantes. US$ 3.000,00 (ou muito mais) por uma bolsa.

Qualquer homem diria que estes preços são astronômicos. As mulheres também. Mas, elas continuam fazendo qualquer coisa para conseguir uma bolsa dos estilistas famosos. Até mesmo pagar o que seria um preço decente para um bom produto, por algo que se pareça com a coisa verdadeira.

Juntando Nova Iorque com este desejo irrefreável da mulher chega-se à Mariamma. Ou melhor, ela chega a você. Mariamma não é uma loja; é uma pessoa. Ela é uma “Personal Purse Dealer”. Entenda “Purse Dealer” como algo parecido com uma “Drug Dealer” de bolsas. Se você sonhou em ser personagem de “Law and Order”, negociar com Mariamma é a sua grande chance de realização. No começo, ela desconfia que você seja um agente disfarçado e você também pensa que ela possa ser. A sua parvoíce de turista logo acaba com a desconfiança dela. Se ela é uma agente disfarçada que simplesmente tem pena dos turistas parvos, com franqueza até hoje não sei.

A negociação se passa em um “fast food” ou “coffee shop”. Você tem que comprar algo e pegar uma mesa (para que o dono da loja aceite que você fique lá). Ela tira um catálogo da bolsa (uma “Goya”, preço da verdadeira: $4.750) e apresenta suas seleções. Você pode escolher “the good stuff” por preços a partir de $150 ou as “knocked out” por menos de $100. Depois que você faz sua escolha, ela entra em contato com seu sistema de logística imediato e providencia que o produto chegue às suas mãos. A transação é concretizada no banheiro.

Você precisa tanto assim de uma bolsa? Então, Mariamma, rua 14, Nova Iorque. Ande pela rua com cara de perdido e Mariamma vai achar você.

3 comentários:

  1. "Where is my husband???" Sim, pq na hora do pagamento meu marido e agente financiador da ilegalidade, sumiu. E a turma da venda, pra lá de mal encarada, não estava para brincadeiras e sem tempo de espera - foi tenso o final. Aventura terminada, muitas risadas e histórias para contar e a bolsa "genérica" está dentro do armario até hoje.

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  2. O quê?!?!?! A Goya está no armário? Depois de todo o trabalho que foi obte-la? Que absurdo!
    Eu compro ela de você, ou quem sabe negocio uma opção de venda....

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  3. Sim, a "goiaba" não saiu do armario. Tenho a sensação que tem um letreiro neon ma minha testa: "falsa, falsa". Vergonha propria!

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